Conversas sobre o Dia do Patrimônio
Série de palestras deverá ajudar a construir o Dia do Patrimônio de Pelotas, que ocorre nos dias 16 e 17 de agosto
Nos dias 16 e 17 de agosto ocorre a
segunda edição do Dia do Patrimônio, a herança cultural africana será
representada em várias ações e apresentações voltadas ao tema, escolhido pela
Secretaria de Cultura (Secult) para celebrar a diversidade cultural da cidade com
foco no patrimônio afro-pelotense.
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Antropóloga Marília Floôr / Foto: Rafa Marin |
Para a autora do livro Os baobás dofim do mundo - Trechos líricos de uma etnografia com religiões de matrizafricana no sul do RS, publicado em 2011, é importante resgatar a influência do negro na sociedade pelotense, mostrando a contribuição deste para a formação cultural da cidade.
Marília falou sobre suas
pesquisas e o contato especialmente sobre as religiões de matriz africana e a
culinária, mais especificamente os doces. Os doces considerados “finos de
Pelotas” podem ser encontrados em todo o país nas oferendas aos orixás, como: bem
casados, quindins e doce de abóbora. Como os ingredientes de cada doce estão em
constante mudança, não é possível dizer se a origem de cada um dos ingredientes
é africana, mas a influência dos negros na culinária é incontestável. Não
apenas na execução, mas na elaboração das receitas e por manter viva essa
tradição, não somente a tradição da prática doceira, mais sim a cultura da doçura
que envolve a prática.
Religião,
doces e meio ambiente
A questão de preservação ambiental em religiões de
origem afro está presentes na prática. Marília afirma que as pessoas estão
preocupadas com a questão ambiental, em não colocar materiais como garrafa e
pratos na lagoa. E sim em utilizar material orgânico nas oferendas, já que na
crença os orixás estão representados na natureza, e quando se faz uma oferenda
o intuito é oferecer para o orixá aquilo que também queremos para as nossas
vidas. Logo, é cada vez mais freqüente o uso de materiais orgânicos e é claro
os doces sempre estão presentes, pois a religião
é um culto à doçura do corpo e da alma, da vida. Para a antropóloga a
principal diferença entre as práticas religiosas em Pelotas e a Bahia,
considerada um reduto das religiões de matriz africana, está no espaço. Lá,
cada nação tem espaços físicos maiores, normalmente com mata e água. O que
facilita a proteção ambiental.
Preconceito
O Dia do Patrimônio é fundamental para conhecer uma parte da história pouco explorada. Já que quando se fala em população pelotense é também sobre a população negra pelotense, o que extrapola a cor da pele. Quando se pede para uma dessas pessoas falar publicamente, poucos se dispõe, por vergonha ou medo da discriminação. Ela diz que gostaria de ouvir mais “sou pelotense e Pelotas é uma cidade negra” e “sou de terreira, filha de Iemanjá e tenho orgulho disso”. Para ela, atitudes como essa ajudam a mostrar a identidade da cidade e enfrentam o preconceito.
O Dia do Patrimônio é fundamental para conhecer uma parte da história pouco explorada. Já que quando se fala em população pelotense é também sobre a população negra pelotense, o que extrapola a cor da pele. Quando se pede para uma dessas pessoas falar publicamente, poucos se dispõe, por vergonha ou medo da discriminação. Ela diz que gostaria de ouvir mais “sou pelotense e Pelotas é uma cidade negra” e “sou de terreira, filha de Iemanjá e tenho orgulho disso”. Para ela, atitudes como essa ajudam a mostrar a identidade da cidade e enfrentam o preconceito.
Público durante a conversa / Foto: Leticia Mallie |
Próximos
encontros
Os encontros são abertos à comunidade
e ocorrerão todas as quartas-feiras até os dias do evento, sempre a partir das
17h, no Casarão 6, em frente à praça Coronel Pedro Osório. A comunidade pode
acompanhar o cronograma das próximas conversas e das próximas atividades
relacionadas ao tema pela página no Facebook.
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