quarta-feira, 28 de maio de 2014

Conversas Temáticas

Conversas sobre o Dia do Patrimônio

Série de palestras deverá ajudar a construir o Dia do Patrimônio de Pelotas, que ocorre nos dias 16 e 17 de agosto

Nos dias 16 e 17 de agosto ocorre a segunda edição do Dia do Patrimônio, a herança cultural africana será representada em várias ações e apresentações voltadas ao tema, escolhido pela Secretaria de Cultura (Secult) para celebrar a diversidade cultural da cidade com foco no patrimônio afro-pelotense.
Antropóloga Marília Floôr / Foto: Rafa Marin
Na tarde de quarta-feira (14), a Secult iniciou a primeira de uma série de palestras intituladas Conversas do Dia do Patrimônio - Edição 2014. A antropóloga Marília Floôr Kosby falou sobre as religiões de matriz africana e a participação do negro na tradição doceira. 

Para a autora do livro Os baobás dofim do mundo - Trechos líricos de uma etnografia com religiões de matrizafricana no sul do RS, publicado em 2011, é importante resgatar a influência do negro na sociedade pelotense, mostrando a contribuição deste para a formação cultural da cidade.
Marília falou sobre suas pesquisas e o contato especialmente sobre as religiões de matriz africana e a culinária, mais especificamente os doces. Os doces considerados “finos de Pelotas” podem ser encontrados em todo o país nas oferendas aos orixás, como: bem casados, quindins e doce de abóbora. Como os ingredientes de cada doce estão em constante mudança, não é possível dizer se a origem de cada um dos ingredientes é africana, mas a influência dos negros na culinária é incontestável. Não apenas na execução, mas na elaboração das receitas e por manter viva essa tradição, não somente a tradição da prática doceira, mais sim a cultura da doçura que envolve a prática.
Religião, doces e meio ambiente
A questão de preservação ambiental em religiões de origem afro está presentes na prática. Marília afirma que as pessoas estão preocupadas com a questão ambiental, em não colocar materiais como garrafa e pratos na lagoa. E sim em utilizar material orgânico nas oferendas, já que na crença os orixás estão representados na natureza, e quando se faz uma oferenda o intuito é oferecer para o orixá aquilo que também queremos para as nossas vidas. Logo, é cada vez mais freqüente o uso de materiais orgânicos e é claro os doces sempre estão presentes, pois a religião é um culto à doçura do corpo e da alma, da vida. Para a antropóloga a principal diferença entre as práticas religiosas em Pelotas e a Bahia, considerada um reduto das religiões de matriz africana, está no espaço. Lá, cada nação tem espaços físicos maiores, normalmente com mata e água. O que facilita a proteção ambiental. 
Preconceito
O Dia do Patrimônio é fundamental para conhecer uma parte da história pouco explorada. Já que quando se fala em população pelotense é também sobre a população negra pelotense, o que extrapola a cor da pele. Quando se pede para uma dessas pessoas falar publicamente, poucos se dispõe, por vergonha ou medo da discriminação. Ela diz que gostaria de ouvir mais “sou pelotense e Pelotas é uma cidade negra” e “sou de terreira, filha de Iemanjá e tenho orgulho disso”. Para ela, atitudes como essa ajudam a mostrar a identidade da cidade e enfrentam o preconceito.

Público durante a conversa / Foto: Leticia Mallie
Próximos encontros
Os encontros são abertos à comunidade e ocorrerão todas as quartas-feiras até os dias do evento, sempre a partir das 17h, no Casarão 6, em frente à praça Coronel Pedro Osório. A comunidade pode acompanhar o cronograma das próximas conversas e das próximas atividades relacionadas ao tema pela página no Facebook.

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